[FUG-BR] Mayhem — A New Malware Targets Linux and FreeBSD Web Servers

Antônio Pessoa atnpessoa em gmail.com
Sábado Julho 26 19:04:17 BRT 2014


Eu vejo da seguinte forma, existem duas classes de usuários, à grosso
modo, aqueles que chamamos de usuários comuns e os usuários
experientes. Naquele grupo estão os usuários domésticos, de escritório
e esporádicos; neste estão os administradores, programadores e hackers
em geral (no sentido eric-raymondiniano do termo).

Antigamente existia um abismo significativo entre esses dois grupos.
Natural, visto o objetivo de cada um. Para um usuário comum a
computação precisa ser transparente, para os experientes é preciso
saber como tudo funciona por dentro. Para usar de uma metáfora,
podemos pensar no mecânico e no motorista.

O problema é que, hoje em dia, esse abismo está se tornando pequeno,
mas não para melhor, pois está sendo nivelado por baixo. Cada dia mais
os usuários experientes não saem do nível do usuário comum. Acham
perfumaria desnecessária saber instalar um pacote a partir dos fontes,
resolvendo suas dependências na mão, lendo o README, o INSTALL e
resolver os erros nos estágios do "configure" e do "make". Compilar um
kernel customizado? Besteira.

Mas não pensem que este é um fenômeno isolado, na verdade está em
todas as áreas. O modelo educacional atual está formando jovens
preguiçosos e que já sabem tudo, eles acham que vivem em um mundo em
seu estado de arte final e que nada precisa ser aprendido que não seja
a facilidade de hoje, incluindo o conhecimento, interesse e respeito
por aqueles que construíram o que temos hoje. Parafraseando Isaac
Newton, eles não vêm que enxergam mais longe por estarem em pé sobre
ombros de gigantes. Meus estagiários, que programam em C, não sabiam
quem eram  Dennis Ritchie e Ken Thompson. O mesmo acontece nas áreas
de Direito, História, Economia, Engenharia etc. Neste último, temos
casos grotescos de alunos que acham não precisar aprender cálculo, ou
mesmo resistência de materiais, pois um software de computador pode
fazer tudo por eles.

É uma geração que pensa saber tudo dentro do próprio mundinho de
ignorância, mas se ofende enormemente quando são contrariados naquilo
que acreditam ou quando alguém diz que ele não sabe. Um exemplo: a
quantidade de lágrimas e ranger de dentes quando eu reclamava com o
top-posting na lista - não apenas eu, claro, mas vou dar meu exemplo
-, quando diziam que era arcaico, desnecessário, espartano etc.,
quando é uma regra de boa conduta em qualquer lista de respeito e que
foi respeitada ao longo de anos pela preservação do histórico legível
destas. Mas o que isso importa para eles? Nada, só não querem perder
cinco segundos posicionando um curso dentro de uma mensagem.

Desculpem, o texto ficou grande. Podem mandar para a lixeira. :-p

-- 
Atenciosamente,

Antônio Pessoa


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